Nascem duas estrelas!
O quinto dia da natação nos Jogos Olímpicos Rio 2016 foi o dia em que dois jovens talentos deixaram de ser promessas e viraram realidade. Um deles levou seu país ao Olimpo da natação mundial pela primeira vez, e o outro, desde que surgiu, no ano passado, se sabia que seria o novo melhor do mundo nas águas, mas não se esperava que tão cedo. Nos 200 peito, Dmitry Balandin (CAZ) foi o que Florent Manaudou (FRA) foi nos 50 livre em Londres, guardadas as devidas proporções: era um nome pouco conhecido, tinha ganho provas no seu país, mas não constava na lista de favoritos da prova. Também pudera: era nadador de aguas abertas e só começou a brilhar nos Jogos Asiáticos de 2015. Largando na raia 8, ele foi lento na primeira parte, mas explodiu na segunda e ultrapassou o favorito Josh Prenot (EUA) na reta final. Primeira vitória do Cazaquistão na história da natação mundial com 2:07.46, contra 2:07.53 do prateado Prenot. Um motivo de festa para um país mais tradicional no Judô e no Levantamento de Peso. Anton Chupkov (RUS) estava em último nas primeiras piscinas, mas melhorou demais na última para ser bronze: 2:07.70. A decepção foi o Japão, tradicional e favorito nesta prova. Yasuhiro Koseki (JAP) chegou a nadar abaixo do WR nas primeiras piscinas, mas tanta ousadia custou caro: quinto lugar com 2:07.80. Ippei Watanabe, que chegara a bater o Recorde Olímpico, foi afetado pelo fantasma do nervosismo e foi só o sexto, com 2:07.87. O segundo jovem nome foi Kyle Chalmers (AUS), mais jovem vitorioso dos 100 livre desde 1932. Já no Mundial Júnior de Singapura, ele se apresentou ao mundo e muitos já o apontavam como o futuro melhor nadador do mundo. Ele nem quis esperar o futuro. Após uma prova técnica e um final perfeito, o garoto de 18 anos consegue sua primeira grande vitória em um evento absoluto com 47.58, o primeiro vitorioso da Austrália desde 1968 (quando Michael Wenden venceu com novo WR de 52.2) e novo Recorde Mundial Júnior. A prata foi uma completa zebra: Peter Timmers (BEL), que superou Nathan Adrian (EUA) por um triz no final com 47.80. A Nathan, restou o bronze após chegar cinco centésimos depois. O conterrâneo de Chalmers, Cameron McEvoy, de quem tanto se esperava, acabou abatido por uma virose e foi só o sétimo, com 48.12. Já Marcelo Chierighini (Pinheiros/Auburn)... Saída péssima, nervosismo absoluto, virada errada, uma prova muito aquém do esperado e o oitavo lugar com 48.41. Abatido, ele não soube explicar o que houve. Mas fica o consolo de mais uma velinha soprada pelo WR do ausente César Cielo (Minas/Arizona).
SÃO THIAGO PEREIRA, ROGAI POR NÓS! Nesta jornada cheia de surpresas e zebras, só nos resta rezar por Thiago Pereira (Minas/Florida). O peito e o crawl do maior medalhista dos Jogos Panamericanos não foi o que esperávamos na semifinal de ontem, tanto que o último nado dele foi 29.52. Mas ele foi o terceiro melhor tempo das semifinais com 1:57.11. E muito a melhorar, já que por duas vezes seguidas a medalha escapou. E pelo que estamos vendo nestes dias, a zebra pode passear bonito também nestas provas. A tal ponto de que quase nada significam os 1:55.78 do Greatest Michael Phelps (EUA), os 1:56.28 do campeão Ryan Lochte (EUA) e os 1:57.38 de Kosuke Hagino (JAP). Henrique Rodrigues (Pinheiros) sentiu isso na primeira eliminatória e foi surpreendido por Shun Wang (CHN, 1:58.85), por Philip Heintz (ALE, 1:58.85), pelo peito pavoroso e pelo crawl fraco. Teve de se contentar com o nono tempo, 1:59.23. E olha que não falei de Dan Wallace (GBR, 1:57.97) e Hiromasa Fujimori (JAP, 1:58.20), que podem mostrar seu melhor nado na final e comprovar que todos são iguais numa final olímpica. Apesar da quarta final de Phelps, Lochte e Thiago, tudo, rigorosamente tudo pode acontecer. Então rezem forte, principalmente por Thiago. E não adiantaram as orações por Etiene Medeiros (SESI) e por Leonardo de Deus (Corinthians). Nos 100 livre delas, ela até começou bem, fazendo 25.82. Mas o cansaço veio com tudo no final e a fez parar nos 54.59 que lhe deram somente o décimo sexto posto, sendo a pior volta entre todas as semifinalistas. Na final, atenção máxima em Cate Campbell (AUS) e em Penny Oleksiak (CAN). Cate bateu novo OR na sua semifinal com 52.71, após fazer 52.80 nas eliminatórias. Já a namoradinha do Canadá ficou a um centésimo dela para bater dois recordes: o das Américas e o Mundial Júnior. Mas ainda tem Simone Manuel (EUA), terceira com 53.11 ao lado de Sarah Sjostrom (SUE) e Bronte Campbell (AUS), quinta com 53.27. Mas pelo que vimos hoje, será que o feito dos meninos vai se repetir e Oleksiak vai surpreender ao mundo? Já Leo tinha feito nas eliminatórias dos 200 costas um novo recorde brasileiro, 1:57 cravados, e vinha mais empolgado do que nunca. Mas o mesmo script dos outros: foi bem no início, cansou-se no final e ficou com o 13º posto, 1:57.67, a mesmíssima posição de Londres. Capitanearão a final de logo mais Evgeny Rylov (RUS, 1:54.45), Mitchell Larkin (AUS, 1:54.73), Jacob Pebley (EUA, 1:54.92) e Ryan Murphy (EUA, 1:55.15). NO MAIS, TUDO DENTRO DOS CONFORMES Com empolgada narração da rádio espanhola, Mireia Belmonte (ESP) finalmente entrol para o rol de campeãs olímpicas depois de duas jornadas olímpicas e uma briga espetacular com Madeline Groves (AUS) nos 200 borboleta delas. Madeline se saiu bem e teve as melhores parciais na primeira e quarta piscinas (27.49 e 32.57), mas quando o piano caiu se deu para ver que a espanhola estava mais determinada para o ouro e com a maior diferença entre parciais na terceira volta (32.17 a 32.77), conseguiu uma heroica vitória: 2:04.85 a 2:04.88. "Viva España! Viva la Madrid que te parió!", gritou empolgado o locutor espanhol como registrado pela Band News FM. Natsumi Hoshi (JAP) foi a terceira com 2:05.20. E como grandes decepções, as chinesas Yilin Zhou (2:07.37) e Yufei Zhang (2:07.40), quinta e sexta colocadas respectivamente. Olha o que estamos dizendo: tá cruel fazer qualquer bolão. Nas semifinais dos 200 peito, uma polêmica: Chloe Sutton (GBR) fez duas claras golfinhadas, mas a arbitragem não se ligou. E assim, ela foi, com 2:22.71, ela vai no sétimo posto à final de mais logo. E não teremos americanas nesta prova, visto que Lilly King, com 2:24.59, não foi além do 12º posto. Como esperado, finais capitaneadas por Taylor McKeown (AUS, 2:21.69), Rie Kaneto, (JAP, 2:22.11) e Molly Renshaw (AUS, 2:22.33). Taylor já conhece nossas piscinas por ter estado aqui no Troféu José Finkel passado e ajudado o Minas a ganhar do Pinheiros em sua casa, na penúltima prova, lembram? E no 4 x 200 livre delas, se comprova que quem tem Katie Ledecky (EUA), tem tudo. Com 1:53.74, melhor parcial desta prova, ela ajudou os EUA a cravarem mais um ouro, ao lado de Allison Schmitt (1:56.21), Leah Smith (1:56.69) e Maya Dirado (1:56.39), com 7:43.03, contra 7:44.87 das Australianas (destaque para Emma McKeon, com a segunda melhor parcial da prova, 1:54.64) e incríveis 7:45.39 do Canadá, com, adivinha quem, Penny Oleksiak fazendo 1:54.94. O Brasil cumpriu a sua missão: novo Recorde Sulamericano, com 1:58.39 de Manuella Lyrio (Pinheiros), 1:59.05 de Jessica Bruin (SESI - melhor tempo ever), 2:00.09 de Gabrielle Roncatto (Unisanta - segundo melhor tempo ever) e 1:58.15 de Larissa Martins Oliveira (Pinheiros) formando 7:55.68. Faltaram 2 segundos e 25 centésimos para a final, mas o décimo primeiro lugar até que foi acima do esperado. AINDA POSSO FAZER PALPITES? É difícil qualquer palpite ser feito, tamanhas as zebras que estamos vendo. Ainda mais porque hoje começa uma das provas mais esperadas do programa: os 50 livre masculino. Florent Manaudou (FRA), bicho-papão deste ciclo, oscilou neste ano. Andriy Govorov (UCR), com as mãos mágicas de Arilson Silva, despontou como ultra-favorito, a tradição americana chega com Nathan Adrian (EUA) e Anthony Ervin (EUA), Vlad Morozov (RUS) sabe chegar, Yu Hexin (CHN) é campeão e recordista nos Jogos Olímpicos da Juventude de Nanjing, e, para completar, nossos Bruno Fratus (Pinheiros/Auburn) e Ítalo Manzine Duarte (Minas) deram o azar de serem balizados logo ao lado de Manaudou e Govorov. Difícil, mas vamos apostar: Manaudou ouro, Govorov prata e Fratus bronze. Mas pelo jeito vou errar. Só que não dá para errar nos 800 livre. O ouro é barbada: Katie Ledecky (EUA). Prata e bronze serão as disputas, mas vamos cravar em prata para Leah Smith (EUA) e bronze para Jazmin Carlin (GBR). Nos 100 borboleta, nosso melhor representante está em Indiana: Vinícius Lanza (Minas/Indiana). Infelizmente ele vacilou quando não podia e não vai. Mais do que nunca, vamos confiar nos nossos brasileiros Henrique Martins (Minas) e Marcos Macedo (Minas). Henrique tem o melhor tempo da série 3, mas está ao lado de James Guy (GBR). Marcos vai ao lado dele. Espero, pelo menos, uma semifinal para Henrique. O ouro, pela quarta jornada olímpica seguida, ao nosso ver, irá para Michael Phelps (EUA), com a prata para Chad Le Clos (RSA) e bronze para Laszlo Cseh (HUN). Sem brasileiras, os 200 costas delas não são uma prova livre de surpresas. Emily Seebohm (AUS) é a favorita, mas ainda está abatida pelos péssimos 100 costas, o que abre chances para Katinka Hosszu (HUN), Belinda Hocking (AUS) e Maya Dirado (EUA). Nossas apostas são para mais um ouro da Iron Lady, prata para Maya e bronze para Seebohm. Faltam simplesmente três jornadas para o fim. Esperemos que a zebra não cante para o lado dos brasileiros esta noite.
(informações da Best Swimming, Yes Swim, Swim Channel, SwimSwam e Swimming World, e fotos da transmissão do SporTV e de Satiro Sodré/SSPress/CBDA)