Emoções misturadas no dia 3
Um terceiro dia cheio de surpresas, alegrias e decepções foi o que vimos na natação dos Jogos Olímpícos Rio 2016, no Parque Aquático Olímpico da Barra. Enquanto brasileiros sentiam novamente o peso de competir em casa, alguns favoritos davam show, enquanto outros, nem tanto.
O da foto acima, Sun Yang (CHN), foi o grande destaque masculino da segunda. Como Noite Ilustrada, ele "levantou, sacudiu a poeira e deu a volta por cima" para ganhar os 200 livre com o melhor tempo do ano, 1:44.65. Foi uma prova técnica, onde ele resolveu carregar as suas energias no início e explodir no fim, para ultrapassar Chad Le Clos (RSA), que liderava nos primeiros 150 metros, com ritmo forte até, mas não resistiu à ótima segunda piscina do chinês e ainda quase deixou a prata escapar. Enquanto ele fizera o novo Recorde Africano com 1:45.20, Conor Dwyer (EUA) ficou a pouco de sapecar a prata, ou seja, três centésimos. James Guy (GBR), um dos melhores do ciclo, saiu com as mãos abanando: quarto com 1:45.49.
Falando em decepções, a maior delas aconteceu nos 100 peito: Ruta Meilutyte (LIT), que surpreendeu o mundo em 2012, teve um ciclo espetacular com o vice em Barcelona e Kazan, mas na hora H "brochou". Poderia ter sapecado o bronze, mas a virada errada e o cansaço não a fizeram ir além do sétimo lugar, com 1:07.32, a frente apenas de Alia Atkinson (JAM, 1:08.10). Quem se deu bem, como esperado, foi Lilly King (EUA), a quem já posso dar o título de revelação do ano, e que bateu o Recorde Olímpico com 1:04.93 (era de Leslel Jones, da Austrália, que em Pequim fizera 1:05.17), terceiro melhor tempo ever. A vaiadíssima Yuliya Efimova (RUS) - que foi provocada pela vitoriosa com um no na semifinal, captado pelas lentes da NBC - ficou com a prata depois de tudo o que sofreu, com 1:05.50, após disputa intensa com King. Ela chorou com a recepção ruim dos cariocas, mas também, depois do passado negro dela, não podia dar outra. A surpresa maior foi o bronze de Katie Meili (EUA), que não era nem apontada como favorita, e completou o pódio com 1:05.69. O nado peito dos EUA voltou com tudo, meus caros!
Nas duas decisões dos 100 costas, grandes expectativas e tudo além do esperado. Por exemplo, faltaram 3 centésimos para o WR de Ryan Murphy (EUA). Com 51.97, ele faz o melhor tempo do mundo sem trajes e novo Recorde Olímpico, e a hegemonia americana nesta prova sopra 20 velinhas. Na prata, outra surpresa: Jiayu Xu (CHN), que nadou junto com os favoritos, conseguiu a prata com 52.31, e olha que na ida, fizera os mesmos 27.05 de David Plummer (EUA), bronze com 52.40. A lamentar Mitch Larkin (AUS) e Camille Lacourt (FRA), favoritos a pódio, mas que tiveram que aplaudir, sendo, respectivamente, quarto com 52.43 e quinto com 52.70. A natação é cruel...
Já no feminino, a rainha da natação mundial deu novamente as ordens. Katinka Hosszu (HUN), a Iron Lady, etc., etc., teve uma volta espetacular e sapecou seu segundo ouro (e ela nada tinha antes do Rio), com 58.45. Kathleen Baker (EUA), outra surpresa, chegou trinta centésimos depois para ser prata. Confirmando nosso palpite, Yanhui Fu (CHN), algoz de Etiene Medeiros (SESI) nos 50 costas em Kazan, conseguiu fazer uma prova quase perfeita e levou o bronze, junto a Katie Meili (CAN), ambas com 58.76, no primeiro perfeito empate destes Jogos. Frustrando qualquer bolão, Emily Seebohm (AUS), a melhor deste ciclo e certa aposta para ouro, teve uma volta frustrante devido ao cansaço e à primeira piscina que lhe tirou as forças, e foi somente a sétima, com 59.19. Repito: a natação é cruel...
POUCOS CENTÉSIMOS FRUSTRARAM NOSSO SONHO
O Brasil teve um dia para ser esquecido no Rio. A tal ponto de que nosso melhor resultado foi o de Manuella Lyrio (Pinheiros). Ela chegou a nadar em quarto nos 150 metros iniciais e acertou todas as viradas, mas o psicológico falhou quando não podia e ela não foi além do décimo segundo lugar geral, com 1:57.43, sendo que, nas eliminatórias, ela tinha batido o recorde sul-americano, com 1:57.28. Pelo menos esta foi a melhor posição do Brasil nesta prova. Larissa Martins Oliveira (Pinheiros) ficou pelo caminho nas eliminatórias com o trigésimo quinto lugar geral. E continuando a saga de decepções, Missy Franklin (EUA) foi completamente irreconhecível e terminou atrás de Manu, com 1:57.56. A disputa final vai ser mesmo entre Sarah Sjostrom (SUE, 1:54.65) e Katie Ledecky (EUA, 1:54.81).
Nos 200 borboleta, a pergunta que mais se faz é: o que aconteceu com Leonardo de Deus (Corinthians)? Ele teve uma primeira parte mais comedida, começou a melhorar na terceira piscina, mas na quarta ele travou. Foi o décimo terceiro com 1:56.77, a 74 centésimos da semifinal. Reconheceu que foi ruim, mas não vai remoer, já que vai para os 200 costas. Kaio Márcio (Minas) estava melhor nos 100 primeiros metros. Mas se cansou e muito, ficando uma posição atrás de Leonardo, 1:57.45. O melhor tempo foi do húngaro Tamas Kenderesi, 1:53.96, Tendo Michael Phelps (EUA) chegado 16 centésimos depois, seguido de Laszlo Cseh (HUN, 1:55.18) e Chad Le Clos (RSA, 1:55.19).
Já nos 200 medley, Joanna Maranhão (Pinheiros - foto) poderia estar entre as semifinalistas, mas por pouco, muito pouco, não conseguiu. Até melhorou seu nado peito, mas foi superada no final por Viktoria Andreeva (RUS), 2:13.01. Os cinco centésimos de diferença custaram caro, já que foi esse o tempo para a semifinal. "Jogos Olímpicos é isso. Quem está na situação que estou, do 16º ao 24º, não pode errar de manhã, não tem margem de erro. Esses cinco centésimos foi um erro, causou com que eu não passasse para as semifinais. Mas eu queria muito, lutei o tempo inteiro, e por lutar tanto que meu crawl não foi muito eficiente, quis sair rodando muito o braço", disse à ESPN depois de receber o carinho de seu futuro esposo, Luciano Corrêa. E confirmou o que nos tinha dito durante a aclimatação em São Paulo: não vai parar ainda. "Não estou com um corpo e uma cabeça de uma pessoa de 29 anos. E enquanto eu quiser nadar e acreditar que posso nadar, vou continuar vindo forte, brigando por uma semifinal, pelo meu melhor. Quem decide a hora de parar sou eu". Amém, Joanna. A melhor da semifinal foi Siobhan Marie O'Connor (GBR), com 2:07.57. Katinka Hosszu (HUN), que fizera OR de 2:07.45, piorou um pouco o tempo e vai com o segundo, 2:08.13 e Maya Dirado (EUA), essa sim prestes a parar, vem atrás com 2:08.91.
PALPITES PARA AS PRÓXIMAS PROVAS
Hoje é dia de 100 livre, caros! E parece que os 46.91 que o ausente Cesar Cielo (Minas/Florida) fizera em Roma, há 7 anos, vão virar poeira. Eu acho que Marcelo Chierighini (Pinheiros/Auburn) deve ser finalista. É só correr atrás do 47, do qual ele chegou perto n vezes. Nicolas Nilo Oliveira (Minas) deve ser semifinalista. Mas a aposta é em saber quem vai quebrar o recorde mundial: Cameron McEvoy (AUS) ou Nathan Adrian (EUA)? Eu aposto no australiano, e até vou determinar que ele fará 46.89. Logo atrás virá Adrian, com 46.92. O bronze deve ir para Kyle Chalmers (AUS).
Nos 200 borbo feminino, Joanna Maranhão (Pinheiros) não deve ir além da primeira fase, por não ser a prova dela. Espero em Deus estar errado e que ela melhore muito o tempo. Mas tem Mireia Belmonte (ESP), Madeline Groves (AUS), Liliana Szilaguy (HUN), Natzumi Hoshi (JAP) e Franziska Hentze (ALE) na disputa. Eu aposto em ouro para Mireia, prata para Hoshi e bronze para Liliana.
Nos 200 peito deles, dois são os nossos representantes: Thiago Simon (Corinthians) e Tales Cerdeira (Unisanta). Pelo posicionamento, acho que só Simon vai para as semifinais. Mas o destino tem sido tão cruel para os brasileiros. No final, acho que vem aí uma dobradinha americana: Josh Prenot vence, Kevin Cordes é prata e Marco Koch (ALE), é bronze.
Por fim, os 4 x 200 livres deles. O Brasil vai, pelo menos, tentar uma honrosa posição. Acho que é difícil uma final, mas com Nicolas Nilo, João de Lucca (Pinheiros), Luiz Altamir (Flamengo) e André Pereira (GNU) inspirados, vou apostar um décimo a décimo segundo lugar com Recorde Sul-Americano para os meninos. No pódio, eu aposto em Grã-Bretanha, EUA e Holanda.
Mas talvez, quem sabe, o inesperado traga outra surpresa...
(informações do Best Swimming, Yes Swim, SwimSwam, Terra e Swimming World - fotos de Satiro Sodré/SSPress/CBDA e da transmissão da SporTV)