Fora, Cielo manda incentivo para os atletas
Como bem sabeis, não haverá Cesar Cielo (Minas/Arizona) nos Jogos Olímpicos Rio 2016, visto que ele não logrou êxito no Troféu Maria Lenk ocorrido no mesmo Parque Aquático Olímpico que em dois dias vai começar a receber as feras da natação mundial. Muitos disseram que ele se recolheu, e sequer ia ver os Jogos pela TV, e ainda que ele está numa irrecuperável depressão. Contudo, hoje ele resolveu se manifestar e mandar energias positivas para os atletas brasileiros que vão defender nossas cores no Rio de Janeiro, em mensagem deixada no site do Ministério do Esporte. Confiramos:
A medalha está logo ali, com trabalho e crença Por César Cielo, campeão olímpico e recordista mundial Eu conquistei três medalhas olímpicas, incluindo o único ouro da natação brasileira, nos Jogos de Pequim, em 2008 (em 16/8/2008). E em cada uma delas as sensações foram diferentes. Tanto as medalhas da Olimpíada quanto as dos Mundiais foram muito especiais. Na Olimpíada de Pequim deixei de ser um coadjuvante. Os Mundiais foram de confirmação, superação… sensações diferentes (foram 16 medalhas no total, 8 de ouro em Mundiais de piscina longa, um recorde mundial nos 100 m livre, em Roma/2009). Quanto ao ouro, sempre repito o que disse em Pequim: ver o número 1 na frente do seu nome numa Olimpíada é uma sensação indescritível. Passei para a história do esporte olímpico brasileiro ao conquistar a primeira medalha de ouro para a natação (21s30), foi o tempo da final, recorde olímpico, e pódio dividido com os franceses Amaury Leveaux, 21s45, e Alain Bernard, 21s49). Depois da semifinal, fiquei pensando o dia inteiro na prova que eu faria, mas consegui dormir. Atrás do bloco de partida estava um pouco nervoso porque estava buscando a minha melhor prova. Mas foi um dia em que deu tudo certo. Consegui uma coisa que busquei a vida inteira. O reconhecimento do ouro olímpico foi grande. Ainda hoje alguém me chama na rua: ‘Cielo’. Eu olho e vejo que não conheço a pessoa. E aí ela me cumprimenta, eu aceno, dou autógrafo. É gratificante. Me emociono quando alguém vem e fala que chorou comigo na conquista da medalha de ouro. Eu me lembro que naquele dia, da final dos 100 metros livre, em Pequim, o Brett (Hawke, treinador) me acordou e disse: ‘Pega a tua roupa do pódio’. Eu respondi: ‘Você tá louco. Estou na raia oito’. Mas peguei a roupa e lá estava eu no pódio com minha primeira medalha olímpica, logo após dou uma entrevista e digo: “Agora vou ganhar os 50 metros livre.” E minutos antes da final dos 50 m livre… O Brett olhou no meu olho e disse: ‘Vai lá e põe a mão na parede. O (Michael) Phelps ganhou por um centésimo (os 100m borboleta). Você vai querer perder por um centésimo? Está dentro de você, deixa sair. Todo mundo viu que você está mais rápido. Não fica pensando muito’. Foi o que eu fiz. Outra imagem que não apaguei foi a do Pieter (van den Hoogenband, holandês campeão olímpico dos 100 m livre) no dia em que ganhei os 50 m livre, à noite, na Vila Olímpica de Pequim, me cumprimentando pelo ouro. Eu estava com o Brett e alguém cutucou as minhas costas, uma, duas vezes. Achei que era brincadeira de brasileiro. Mas quando olhei, era ele. Veio dar os parabéns. Aí eu disse: Está vendo? Ele veio me dar os parabéns, que honra! Meu técnico disse que era ele quem deveria se sentir honrado. Minha família sempre me ajudou, sempre foi o meu principal apoio em toda a trajetória. Sempre foi fundamental ter minha mãe, meu pai e minha irmã me dando força e me apoiando. Eu tive pessoas em quem me espelhar, que foram o Gustavo (Borges), o (Fernando) Scherer, e sei como isso é importante. Espero que eu possa ser isso para crianças e jovens. Sei que ganhar uma medalha olímpica envolve muita coisa.
A pressão aumentou, a procura também, da mídia, de fãs… Tive de organizar melhor a minha agenda para continuar treinando. E treinar ainda mais. Mas o que sempre me motivou, desde pequeno, foi treinar e provar que poderia nadar bem. Sempre tive muitos tempos na minha cabeça, fixei objetivos, mas nunca nadei para ganhar de ninguém ou para ficar rico na natação. Sempre nadei para buscar os meus limites. A principal pressão sempre fui eu quem fiz. Fixar objetivos, ter dedicação, comprometimento com o trabalho, acreditar sempre e ter uma boa dose de sorte. Nunca pensei: ‘Quero ganhar porque estão cobrando de mim.’ Eu sempre me cobrei muito mais do que os outros me cobraram. Esse lance da autossuperação sempre foi muito forte em mim. Mas as vitórias não mudaram o que eu sou. Na minha vida como atleta é lógico que os objetivos sempre foram ambiciosos, mas a essência é a mesma. Sempre acreditei que podia melhorar e que daria certo. Sempre na batalha, buscando meus limites. Acho que vários nadadores tiveram um papel importante na natação do Brasil e tiveram um peso em momentos diferentes do nosso esporte. Eu sempre treinei e me dediquei para ser o melhor e mais rápido nadador que eu poderia ser. Assim, quero deixar a todos os atletas do meu esporte que vão defender o Brasil na Olimpíada, assim como para os brasileiros de todos os esportes que vão ter o privilégio de competir os Jogos em casa, mensagem de confiança e crença de que poderão fazer o seu melhor.
(informações da Best Swimming e foto da transmissão do SporTV)